Citações em jornais da época

 

Alguns tópicos sobre a Imigração Japonesa no Brasil

Na coleção Affonso Penna Junior da Biblioteca do Ministério da Justiça / Brasília, há um livro – “A Immigração Japoneza para a Baixada do Estado do Rio de Janeiro” – autor: Nestor Ascoli – edição da “Revista de Lingua Portuguesa” – Rio de Janeiro – 1924.

Ele contém o parecer, de 30/10/1909, do relator – deputado Dr. Nestor Ascoli – da “Comissão de Justiça, Legislação e Instrucção Publica” da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, aprovado por unanimidade, recomendando a anuência daquela Câmara ao contrato de 1 de novembro de 1907, firmado entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e os Srs. Rio Midzuno e Raphael Monteiro. Tal contrato visava a fundação de núcleos coloniais de japoneses na Baixada Fluminense.

Em conferência realizada em 20/09/1924, no salão de honra da Escola Normal de Niterói / RJ, o Dr. Nestor Ascoli, reiterando seu parecer, anexou diversos artigos da imprensa da época, mostrando quão útil, para o Brasil, se mostrava a labuta dos imigrantes japoneses em outras regiões do país.

Entre outros, o relator cita:

1) “A Colonização Japoneza” – carta do Sr. M.O. Gonçalves Pereira, Ministro do Brasil no Japão e na China – publicada no “Jornal do Commercio” do Rio de Janeiro em 05/05/1912
Ele menciona: “E além de todas estas manifestações … affirmaremos ainda que não existe, em nossa opinião, um povo – e referimo-nos à massa popular – mais comedido, mais trabalhador, mais sobrio, mais disciplinado e em que mais em destaque sobressaiam a consideração e o respeito mutuos do que no Japonez.
É o Japão um paiz admiravel, até pelas suas bellezas naturaes, e em pleno periodo de ascenção. Muito ha que aprender dos Japonezes.”

2) “O Trabalho Japonez em São Paulo” – artigo do Sr. Conselheiro Antonio Prado, no “O Estado de São Paulo” de 10/01/1918.
Ele diz: “Deve-se ao Dr. Carlos Botelho, quando Secretario da Agricultura, na administração do Dr. Jorge Tibiriçá, em 1908, a introducção do colono japonez em São Paulo. São importantissimos os serviços que, desde essa data, o trabalho japonez vem prestando à nossa lavoura cafeeira.
Dos 19.484 Japonezes introduzidos até hoje, 17.835 estão localisados nas fazendas de São Paulo e 1.500 trabalham na lavoura por conta propria, já tendo adquirido 8.000 alqueires de terra. Até hoje apenas 57 Japonezes voltaram para o Japão.”

3) Artigo do “Jornal do Commercio” de 24/04/1919.
Escreve:  “Não tem faltado quem impugne a colonização nipponica, sob o fundamento de que degeneraria ella na formação de blocos inassimilaveis de população, que depois nos trariam dissabores. O que se vê, entretanto, não é justamente isso. Se fosse o Japonez o que delle se assoalha, o primeiro gesto seu seria o de criar escolas proprias, com professores seus, sob o regimen do idioma de origem. Isso não acontece. Desejosos de civilização e progresso, os Asiaticos, da Noroeste, querem-na levada por nós, com as escolas nossas e nossa lingua. O facto merece, com este especial registro, a mais ampla divulgação. É argumento de força nos debates que ainda se travam. Resta que, sabendo aproveitar tão favoraveis disposições, não nos descuidemos de lhes proporcionar o ambicionado instrumento de cultura e adaptação nacionaes.” 

4) “O Japonez no Estado de Matto-Grosso” – extracto de uma das “Cartas Matto-Grossenses”, publicada no jornal “O Paiz” do Rio de Janeiro, em 11/01/1920.
Diz: “O centro dessa abençoada zona do Estado de Matto-Grosso, outro não podia ser, senão mesmo a Cidade de Campo Grande. Pois bem, para essas terras está convergindo a immigração europeia e asiatica, com especialidade a japoneza. Essa colonização parece adaptar-se admiravelmente ao nosso Paiz, da mesma forma como se firmaram entre nós a allemã e a portugueza. Trabalhadora, hygienica, alheia às paixões politicas locaes, é de todo progressista. Não ha uma só pessoa no Estado de Matto-Grosso que se manifeste contra ella, muito ao contrario, todos que, com a mesma lidam, tecem-lhe os maiores encomios. E razão de sobra para isso têm, pois, certos e determinados pontos do Estado, onde não havia um só legume, mas só hervas das muitas procuradas, e que entretanto agora, depois da vinda dos Japonezes, se acham perfeitamente bem providos desses indispensaveis elementos de nutrição, que tanta falta faziam a regiões, com essas, onde a temperatura é alta demais e a alimentação de carne verde chega às raias do abuso.”

Meus comentários:

– para maior fidelidade aos originais, reproduzimos os textos na ortografia da época;
– o governo do Presidente Affonso Penna acertou em cheio ao autorizar a primeira imigração japonesa no Brasil. Os filhos do Sol Nascente provaram, com sua habilidade, inicialmente na agricultura de grãos, hortaliças e legumes, que corresponderam aos objetivos daquele governo.

Autor: Engº Affonso Augusto Moreira Penna, bisneto do Presidente Affonso Penna.

 Posted by at 15:38